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A linguagem verbal e não verbal

Sempre que nos comunicamos com alguém utilizamos dois tipos de linguagem: verbal e não verbal. A linguagem verbal compõe-se de palavras e frases. A linguagem não verbal é constituída pelos outros elementos envolvidos na comunicação, a saber: gestos, tom de voz, postura corporal, etc.

Que ninguém duvide do poder da linguagem não verbal. Se uma pessoa lhe diz que está muito feliz mas sua voz é baixa, seus ombros estão caídos, o rosto inexpressivo, em qual mensagem você acredita? Na que ouviu ou na que viu? À esta discrepância entre a linguagem verbal e não verbal damos o nome de incongruência. Portanto, uma pessoa incongruente em determinado aspecto diz uma coisa e expressa outra diferente através de seus gestos, postura, voz, etc. A linguagem não verbal provém do inconsciente de quem se comunica. Esta é a razão pela qual é tão difícil controlá-la conscientemente (por exemplo, um candidato a um emprego tem dificuldades para disfarçar suas mãos trêmulas em virtude da ansiedade na hora da entrevista). E será processada pelo inconsciente de quem recebe esta comunicação. Deste fato decorrem algumas observações interessantes. Somente os bons atores são capazes de convencer outras pessoas com relação a uma mensagem da qual discordem inconscientemente. Isto porque esboçam sinais mínimos de incongruência. Ou seja, são treinados para controlar as manifestações do inconsciente (os sinais que poderiam denunciá-los, tais como a voz, que precisa ser forte ao interpretar um personagem agressivo e corajoso, mesmo que no fundo o ator esteja morrendo de medo da plateia). Outra observação diz respeito à interpretação que fazemos desta linguagem não verbal e inconsciente. Nós às vezes não sabemos explicar por que não acreditamos no que uma pessoa disse. Simplesmente sentimos que algo está errado. Alguns chamarão a isto de intuição. Na verdade, nosso inconsciente observou os sinais do inconsciente da outra pessoa e os codificou. Ele registrou, por exemplo, os sinais que a pessoa emitiu a cada vez que expressou alegria. Imagine que esta pessoa juntava as mãos e respirava fundo sempre que se dizia alegre. Se um dia ela apenas sorri e não repete aqueles sinais, então concluímos que em uma das duas situações ela não estava se sentindo alegre. Num outro exemplo, temos aqueles nossos amigos que nos conhecem tão bem a ponto de ser quase impossível mentir para eles. Isto porque eles já têm codificados no inconsciente todos os nossos sinais. Eles conhecem, por terem participado de momentos importantes de nossas vidas, a expressão que temos quando estamos cansados, preocupados, alegres, etc. Imagine agora a seguinte situação: Uma mãe diz a seu filho que o ama, mas com uma voz ríspida e expressão agressiva. Obviamente, o inconsciente da criança registrará a incongruência e ela não se sentirá amada. Todavia, a fim de se proteger da dor que isto causa, ela poderá não dar ouvidos à mensagem inconsciente, procurará ignorá-la e assim se convencer de que a mãe a ama. Com o tempo e com a repetição, ela poderá aprender a desconsiderar sempre a mensagem de seu inconsciente. O ideal seria que toda criança fosse educada de forma a confiar no que seus sentidos são capazes de perceber: confiar no que seus olhos vêem, confiar que o remédio realmente tem um gosto amargo e não é saboroso e doce como lhe afirmaram. Neste sentido, seria igualmente importante que aprendesse a confiar em sua intuição, aqui entendida como a capacidade de perceber a comunicação inconsciente que recebe de outras pessoas. Em geral uma pessoa que expressa uma incongruência está dividida internamente. Imagine um político explicando sua plataforma política a seus eleitores de uma forma que não os convence. É como se uma parte dele confiasse no plano e estivesse convencida de seus benefícios, mas outra parte sua tivesse dúvidas a respeito de sua eficácia. Por este motivo, a comunicação será vacilante, insegura ou artificial (exceção feita aos bons atores e àqueles que convencem a si próprios). Com relação às mensagens verbais e não verbais, ou conscientes e inconscientes, vale ressaltar que para a PNL ambas são reais e igualmente importantes. Porque cada uma delas é a expressão de uma parte da pessoa. Se alguém lhe diz que gosta de você e a nível não verbal expressa o contrário, é possível que esteja dividido a seu respeito. É como se um lado desta pessoa tivesse ressalvas em relação a você e outro lado realmente gostasse (ou quisesse gostar) de sua companhia. Há alguns contextos onde a incongruência pode ser útil. Por exemplo, uma mãe não desejará que seu filho, que acabou de se ferir com certa gravidade, perceba que ela está apavorada. Ao contrário, neste momento a criança precisa de alguém que possa lhe dar apoio e segurança. Nesta situação, como em muitas outras, é melhor ser incongruente do que causar danos ainda maiores. Existem várias maneiras de se lidar com as incongruências. A menos eficaz é comentar a incongruência observada, pois isto costuma colocar a outra pessoa na defensiva. Imagine o que acontece se alguém comenta que você parecia não estar falando o que sentia quando disse algo. É possível que você passe a tentar convencer esta pessoa, e para isto você defenderá o que disse. Comentários dão bons resultados quando existe um relacionamento muito próximo entre duas pessoas, quando elas têm liberdade para isto. Uma outra forma seria acompanhar a incongruência. Se alguém lhe diz "Estou muito empolgado com este projeto "e olha para baixo, suspira, cruza os braços, etc., você poderia dizer "Fico feliz", enquanto também olha para baixo, suspira e cruza os seus braços. Esta estratégia inicialmente fará com que a pessoa fique um pouco pensativa e confusa, passando depois a perceber a sua incongruência e possivelmente a querer falar sobre ela. Algumas incongruências são devidas a divisões internas muito fortes, a conflitos internos significativos, que costumam causar sofrimento a quem os experimenta. Como o pai que fica sem jeito ao abraçar o filho porque tem dificuldades para dar e receber afeto. Neste caso, é necessário um trabalho de integração das partes envolvidas (da parte que gostaria de expressar afeto e da parte que acha que não deveria fazê-lo). Outras incongruências deste tipo são expressas através da fórmula "Eu gostaria de poder X mas Y me impede".

Nelly Beatriz M.P. Penteado

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