Meus cumprimentos a todos os leitores da coluna. É um grande prazer estar compartilhando com vocês as aplicações da PNL na sala de aula. Com o texto passado, concluímos uma trilogia sobre a importância do controle emocional do professor antes, durante e depois das aulas. Definimos o que são estados emocionais e como podemos alterá-los; falamos sobre a importância da inteligência emocional perante os alunos e, também, como o professor pode realizar uma auto-avaliação proveitosa, utilizando a experiência do dia-a-dia para aprimorar suas aulas. Hoje, apresentaremos a estratégia da criatividade de Walt Disney, que poderá ser aplicada no planejamento das aulas. O processo é simples e fácil de aprender. Sugiro que você pratique as etapas enquanto lê o texto; assim, ao encerrar a leitura, você já estará apto a utilizar esta mesma estratégia sempre que precisar ser criativo. Um breve histórico da PNL: a modelagem Quando éramos crianças, aprendemos a andar, a comer e a nos comunicar observando atentamente os adultos, imitando-os. Sabíamos que estávamos tendo sucesso ao recebermos mimos e sorrisos de aprovação; por outro lado, sabíamos que não estávamos fazendo o certo quando recebíamos broncas e olhares de desaprovação... O nome que a PNL dá para este processo de “observação-e-imitação” é modelagem. Foi isso que Richard Bandler e John Grinder fizeram na década de 70 com alguns terapeutas de sucesso (Fritz Perls, Virginia Satir e Milton Erickson): observaram e analisaram como esses profissionais agiam e se comunicavam. A partir dos dados coletados, Bandler e Grinder perceberam que havia padrões verbais e não-verbais de comportamento em comum a esses terapeutas. A partir desta conclusão, reuniram estes padrões e codificaram as principais técnicas de PNL. É, portanto, modelando as pessoas de sucesso que podemos reproduzir suas ações, seus pensamentos e seus resultados. Na verdade, não deveríamos nunca deixar de lado essa habilidade natural de modelar os outros, pois esta é uma maneira excelente de dinamizar o processo de aprendizado, seja qual for o assunto que estamos estudando. Um dos principais pressupostos da PNL é o de que se alguém pode fazer bem alguma coisa, então todas as outras pessoas também têm a chance de conseguirem. Segundo Dilts (1998, p. 158), “a PNL examina a maneira como as pessoas organizam sequencialmente e usam capacidades mentais fundamentais como a visão, a audição e a sensação para organizar e agir no mundo ao seu redor.” Robert B. Dilts foi a pessoa que estudou a vida de grandes personalidades da história, como Aristóteles, Mozart, Albert Einstein e Walt Disney, entre outros, utilizando a mesma técnica de modelagem de Bandler e Grinder. Ele pôde, assim, traçar suas estratégias mentais e publicou suas conclusões em três volumes do livro “A Estratégia da Genialidade”. Vamos, agora, dar uma olhada na estratégia de criatividade de um dos maiores produtores de desenho da história do cinema. Vamos conhecer a maneira como Walt Disney concebia, planejava e executava seus fabulosos projetos que marcaram a nossa era. A Estratégia de Criatividade de Walt Disney “Planejar é fazer um esboço ou esquema que representa uma ideia, uma ação ou uma série de ações que, ao mesmo tempo, serve como guia para sua realização. Planejar é antecipar ou representar algo que virá a ser realizado; é prever uma ação antes de realizá-la.” (Sacristán, in: Hentschke e Del Ben, 2003, p. 177). Uma aula bem planejada é sinônimo de um bom controle, por parte do professor, do que irá acontecer em classe. Alem disso, é uma atitude de respeito para com os alunos e, também, uma forma de evitar que o processo de ensino aconteça na base do improviso. Alguns professores sentem-se bem em não planejar o que vão fazer, pois acham que, assim, suas atitudes em classe ficarão mais espontâneas. Na verdade, planejar aulas não significa enclausurar as ações; significa traçar um roteiro de possibilidades criativas, que norteiam o professor e o ajudam a estar tranqüilo e seguro perante seus alunos. É importante dizer que criatividade não é um dom. Criatividade nada mais é do que um estado emocional que podemos ativar quando necessário. E o que iremos ensinar neste texto é a forma como Walt Disney acessava seu “eu criativo”. A estratégia é simples e você pode aprendê-la rapidamente. Tudo que você precisa fazer é planejar sua aula adotando três “personalidades” bem diferentes: o sonhador, o realista e o crítico. Dilts (1998, p. 158), ao falar sobre a estratégia de criatividade de Disney, diz que “a criatividade inclui a síntese de diferentes processos ou fases. O sonhador é necessário para formar novas ideias e metas. O realista transforma essas ideias em expressões concretas. O crítico é um filtro e um estímulo para apurá-las cada vez mais.” A seguir, apresentaremos estas três etapas do processo com mais detalhes. Posição do Sonhador “Walt Disney tinha uma imaginação fabulosa. Era um sonhador muito criativo. Sonhar é o primeiro passo para criar um objetivo (...). Primeiro, Disney criava um sonho ou uma visão do filme inteiro. Imaginava como a história seria vista pelos olhos de cada personagem e quais seriam seus sentimentos.” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 203). A primeira coisa que você deve fazer é escolher um local confortável, onde possa divagar à vontade, sem ser interrompido. Se possível, volte a este lugar sempre que quiser adotar a posição do sonhador, a fim de associá-lo a um estado emocional de devaneios e fantasias. Um método bastante utilizado por empresas de publicidade e que pode ser muito útil para a posição do sonhador é o “brainstorming” (tempestade cerebral), que será apresentado abaixo, com base em Weisinger (1997, p. 66). Com um lápis e um papel em mãos, deixe sua mente viajar pelo mundo do “faz de conta”, criando possibilidades diversas. Visualize internamente as idéias acontecendo (atividades a serem feitas em classe, explicações diferentes para um mesmo assunto, esquemas visuais interessantes) e anote todas rapidamente, mesmo que sejam irreais ou malucas. O importante é não reprimir, censurar ou corrigir as idéias, pois elas poderão ser, de alguma forma, aproveitadas ou adaptadas mais tarde. Além disso, o bom humor reforçará seu estado criativo. Faça de tudo para que suas ideias continuem fluindo. Você pode desenvolvê-las, combiná-las com outras, imaginar o oposto delas, etc. Talvez seja útil trazer à memória algumas aulas que você ministrou de forma bem-sucedida e reviver as situações que deram certo. Neste momento, quantidade vale mais do que qualidade. Deixe que uma ideia puxe a outra e não se esqueça de tomar nota de todas. Quando julgar que já possui uma boa lista de ideias e quiser encerrar esta etapa, abandone o “lugar do sonhador” e passe para a próxima etapa da estratégia: a posição do realista. Posição do Realista “Depois, examinava seu projeto de maneira realista, levando em consideração o custo, o tempo e os recursos necessários para sua realização, ou seja, todas as informações fundamentais, para se certificar de que o sonho poderia se tornar realidade” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 204). Com a lista de ideias em mãos, esta é a hora de voltar à terra firme, à realidade. Escolha um lugar diferente, para o qual possa retornar sempre que quiser desfrutar de um estado interior de racionalidade, planejamento e organização. Vivencie, em sua imaginação, cada uma das ideias que você anotou sendo colocadas em prática, com a maior riqueza de detalhes possíveis. Pergunte-se: como poderei realizar meus planos? Viva cada ideia em sua plenitude, imaginando a classe bem à sua frente, ouvindo sua própria voz enquanto fala com os alunos e sentindo o movimento de seus próprios gestos enquanto explica o conteúdo da aula. Você pode distribuir os assuntos da aula em tópicos, planejando o tempo necessário para abordar cada um deles. Pense em todos os passos que precisará realizar para ver seu planejamento realmente acontecendo conforme o esperado. Anote tudo que precisará ter às mãos para colocar as ideias em prática: lousa, canetas coloridas, retro-projetor, data-show, quantidade de cadeiras, equipamento de som, televisão, DVD, vídeo-cassete, etc. Pegue aquelas ideias malucas que surgiram e ajuste-as, para que possam também ser colocadas em prática. Talvez você perceba que não precisará usar todas as idéias que teve enquanto estava na posição do sonhador; sugiro, neste caso, que você guarde as anotações para uma próxima vez, pois elas poderão lhe servir para uma próxima aula. Ao encerrar seu planejamento, saia do “lugar do realista” e avance para a última etapa da estratégia: a posição do crítico. Posição do Crítico “Depois de criar o sonho do filme, voltava a analisá-lo do ponto de vista do público. Ele se perguntava: ‘Foi interessante? Foi divertido? Tem alguma coisa que não funciona?’” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 204). Nesta posição, você deverá assumir o papel de “chato da história”. Escolha um terceiro lugar diferente, que lhe inspire um estado emocional de crítico construtivo e para o qual você possa retornar quando quiser assumir novamente esta posição. É a hora de colocar seu plano em teste. Busque os erros, os problemas, as dificuldades e os principais obstáculos que poderá enfrentar; procure imaginar o que está faltando, o que poderá não funcionar adequadamente e meça todas as consequências das suas ações. Sua intenção, aqui, não é destruir seu próprio planejamento, mas sim torná-lo mais eficaz. Você poderá, por exemplo, imaginar quais as dúvidas mais prováveis que seus alunos terão e, assim, incorporá-las já na explicação da aula. Você também pode imaginar um “plano B” para a abordagem dos tópicos, para se prevenir de possíveis imprevistos. O que você fará, por exemplo, se o data-show não funcionar corretamente? Que outra atividade poderá realizar com a classe, caso aquela que você planejou não surtir o efeito desejado? Depois que tiver refletido a partir do ponto de vista do crítico, é bem provável que sua aula será um sucesso! Caso sentia a necessidade de passar novamente por cada uma das posições, lembre-se de retornar aos mesmos lugares escolhidos. Espero que este texto tenha sido realmente bastante útil para você, caro professor. Foram apresentadas, aqui, as três etapas da estratégia de criatividade de Walt Disney, que você pode utilizar a partir de agora para planejar suas aulas com mais eficiência. “Prefiro divertir as pessoas, na esperança de que elas aprendam, ao invés de ensinar as pessoas, na esperança de que elas se divirtam” (Walt Disney) Bye! Referências Bibliográficas- BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.- DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.- HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (org.). Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. - O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolinguística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004. - O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.Ricardo Luiz Marcello
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