Não comece contando piada

O título deste texto precisa de reparos. Combato tanto essa história de ‘deve’, ‘não deve’ em comunicação, e faço logo uma afirmação contundente como esta: não comece contando piada. Seria mais adequado dizer que é desaconselhável iniciar uma apresentação contando piadas.

Vamos refletir sobre as consequências do uso da piada na introdução da fala para que você possa decidir se deve ou não lançar mão desse recurso como técnica oratória para conquistar plateias.

Você vai observar que tudo depende do seu estilo e do contexto em que estiver envolvido.

Se você iniciar uma apresentação contando piadas enfrentará pelo menos dois riscos: contar uma piada que não tenha graça, ou que tenha graça, mas seja muito conhecida. Em qualquer das duas circunstâncias a piada poderá se transformar em perigosa armadilha para seu sucesso diante do público.

Os primeiros instantes diante da plateia são os mais difíceis para o orador. A adrenalina acabou de ser despejada no nosso organismo. Estamos tentando ocupar o lugar mais adequado na frente do grupo. Procurando ouvir o som da nossa própria voz. Fazendo esforços para conquistar os ouvintes. Quase sempre, é um momento de grande desconforto e insegurança.

Suponha, então, que você, com esse desconforto, se apresente diante do público contando uma piada e perceba que a piada não teve graça. O momento que já era difícil passa a ser ainda mais constrangedor. Dependendo do momento, talvez esse contratempo prejudique o resultado da sua apresentação.

Alguns perguntam: Polito, e se a piada for boa? A situação pode ser pior. Piada boa, engraçada, se espalha com muita facilidade. Você chega contando uma piada diante da plateia, com a certeza de que todos vão achar muita graça, só que, por ser engraçada, todo mundo conhece e, por isso, ninguém ri. Desespero!

Há ainda outra questão importante a ser considerada. Todas as partes de uma apresentação, desde o início até a conclusão, devem ter interdependência. O que dizemos no começo precisa guardar relação com o meio e com o final. Se uma informação não se encaixar nessa composição, provavelmente, deveria ser retirada.

De maneira geral, mesmo a piada sendo boa e inédita deve ser evitada porque apresenta esse defeito: não guarda interdependência. Você conta a piada, as pessoas riem, mas como não possui relação com o assunto, deve ser deixada de lado, pois não irá contribuir para a compreensão dos ouvintes e o sucesso da mensagem.

Se, entretanto, a piada for boa, inédita e guardar interdependência com as outras etapas da apresentação, poderá ser usada e se tornar um excelente recurso de comunicação. Considere também que o risco é muito grande, pois são muitos aspectos que precisam ser considerados.

Prefira um fato bem humorado. No lugar da piada, prefira usar a presença de espírito e fazer um comentário sobre uma informação que nasça no próprio ambiente da apresentação e a transformá-la em um fato bem humorado. Se a plateia rir, excelente, você marcou um belo tento. Se não rir, não haverá problema, pois não havia a obrigação de fazer graça.

Se tiver uma boa piada, prefira contá-la no meio da apresentação, quando já estiver mais à vontade diante do público. Mesmo que a piada não tenha graça, ou seja engraçada e tenha o inconveniente de ser muito conhecida, sem o nervosismo do início, poderá contornar melhor a situação.

Por fim, tenha em conta que muitas vezes a piada não guarda interdependência com o conteúdo da mensagem. Em certas circunstâncias, no meio da apresentação, poderá, entretanto, funcionar como recurso para prender a atenção ou recuperar a concentração dos ouvintes.

SUPERDICAS DA SEMANA

Evite piadas no início da apresentação
Prefira o uso de fatos bem humorados
Antes de contar uma piada em público, faça o teste com amigos e familiares
Cuidado com piadas grosseiras para não cair na vulgaridade
Piadas relacionadas a raça, sexo e religião devem ser afastadas

Reinaldo Polito

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