Estados internos

Você já passou pela experiência de estar em “maré alta”? Aquele dia ou período em que tudo é bonito, as pessoas são gentis e você é feliz?

Você já passou por um dia em que nada dá certo? Aquele dia em que você “acordou com o pé esquerdo”?

Você é a mesma pessoa nas duas situações. A diferença está no estado neurofisiológico em questão – o estado interno.

A maioria de nossos estados internos acontece de forma automática – sem controle consciente – porque estamos “acostumados” (programados) a reagir daquela maneira.

Você já percebeu como muda o seu estado interno quando você vê uma pessoa de quem não gosta? Se você estava alegre, imediatamente aquela alegria é temporariamente interrompida para dar lugar a um outro tipo de estado interno.

Uma outra experiência comum é estarem várias pessoas num domingo à noite, conversando animadamente, quando então ouvem pela T.V. a música de abertura do Fantástico. É o anúncio do final do domingo e do início de uma nova semana. Imediatamente alguns param de conversar, ficam pensativos, outros desanimados. Este é um exemplo de como um estímulo externo (a música) é capaz de alterar um estado interno.

Um estado interno é criado a partir da nossa representação interna e das condições e uso de nossa fisiologia.

Imaginemos uma mulher numa festa. Ela se divertiu muito durante quatro horas. No último minuto da festa, ela derruba um copo de vinho em sua roupa e sai arrasada. Quando lhe perguntam se a festa estava agradável, ela responde que não, que foi horrível. Um minuto foi suficiente para acabar com a representação interna formada em quatro horas. E por este motivo, esta mulher mudou seu estado interno de alguém que estava se divertindo para alguém que saiu arrasado.

Imaginemos agora uma esposa esperando pelo marido à noite. Ele está atrasado. Mas a esposa está num estado interno tranqüilo, despreocupado, e por isso o atraso do marido não a preocupa. Em suas representações internas, ela o imagina trabalhando.

Agora, se ela estivesse num estado interno de preocupação ou desconfiança, sua representação interna do atraso do marido talvez incluísse um caso extraconjugal. Ela poderia então imaginá-lo com outra mulher, o que a deixaria ainda mais desconfiada. Quando o marido chegasse, ela provavelmente discutiria com ele e lhe perguntaria quem é a “outra”…

Portanto, nossa representação interna dos fatos determina o estado em que nos colocamos.

A maior utilidade para este conhecimento está relacionada a estados de capacidade e de incapacidade (estados de recursos e estados limitantes).

Quando vamos realizar algo e acreditamos que somos incapazes, nós entramos no estado de ser incapaz e nossa fisiologia responde prontamente como se fôssemos incapazes. Nosso cérebro envia um comando às partes de nosso corpo envolvidas na ação.

Imaginemos um jogador de futebol cobrando um pênalti. Se ele se considera incapaz, naquele momento seu cérebro obedece a esta ordem e envia um comando para seus músculos, que executam a cobrança como se ele fosse de fato um incapaz, ou seja, ele não faz o gol.

É o mesmo que andar numa corda-bamba. Descobriu-se que para um equilibrista ter sucesso nesta ação, é necessário que ele tenha apenas uma imagem: a imagem de si mesmo andando com sucesso. Se ele tiver duas imagens, uma de sucesso, outra de fracasso, uma ao lado da outra, ele provavelmente cairá porque seu cérebro não sabe qual a representação interna que deverá realizar.

Conclui-se que a dúvida nos atrapalha com relação aos nossos objetivos porque é como se ela nos colocasse diante de dois caminhos. A PNL adotou uma frase que resume bem isto: “Quer você acredite que pode (realizar algo), quer acredite que não pode, de qualquer forma você está certo”.

Nossa fisiologia também influencia nossas representações internas. Se estamos tensos, se nos alimentamos mal, se dormimos mal, se estamos sentindo dor, tudo isto influencia diretamente nossas representações internas. Por este motivo, não é recomendável fazer compras no supermercado quando se está com fome. A fome, que é um estado interno causado por condições fisiológicas, faz com que representemos todos os alimentos encontrados como muito mais saborosos do que na verdade são.

Percebe-se, portanto, que representação interna e fisiologia são interdependentes: alterando-se uma, a outra também muda.

Para ilustrar, citaremos o que ocorre com as pessoas depressivas. É sabido que elas permanecem todo o tempo num acesso cinestésico, sentindo-se mal. Elas em geral não constroem imagens, não têm sonhos, não utilizam o acesso visual construído. Como consequência, sua postura é a de uma pessoa cabisbaixa, olhos voltados para baixo, como se estivessem sempre olhando para o chão (acesso cinestésico). A conhecida expressão “Levante a cabeça, olhe para cima” tem fundamento e costuma ajudar os depressivos, pois o que eles precisam é sair do acesso cinestésico e começar a fazer planos para o futuro (usar o acesso visual construído).

Ressaltamos que esse é apenas um começo e que o tratamento da depressão não consiste nisto somente.

O oposto também é verdadeiro. Se adotarmos a fisiologia (a postura) de uma pessoa deprimida, é bem provável que fiquemos deprimidos.

(2a. parte)
Nada é bom ou mau intrinsecamente. Tudo depende da forma como representamos uma situação.

Podemos representar os fatos de uma forma que fiquemos num estado de recursos ou podemos fazer o oposto. Como já afirmamos numa outra ocasião, “O mapa não é o território”. Nossas representações a respeito dos fatos jamais corresponderão exatamente a eles.

Desta forma, uma pessoa pode representar a si mesma como alguém insignificante e incapaz, e esta representação vai colocá-la num estado de poucos recursos – um estado limitante. Na verdade, esta pessoa pode não ser nada disso – pode até ser alguém com muitas capacidades – mas ela se tornou naquele momento exatamente aquilo que julgou ser.

A diferença entre as pessoas que falham em realizar suas metas e aquelas que são bem sucedidas é que estas conseguem se colocar num estado de apoio e segurança (um estado de recursos). Isto é muito diferente de entrar e sair de estados automaticamente, sem controle consciente, sendo controlado por outras pessoas, pela mídia, etc. Imagine que seu cérebro é um veículo que, se você não dirigir, se você não estiver ao volante, será guiado por outros ou pelas situações – como um barco ao sabor do vento.

Quando formamos uma imagem interna de que seremos capazes de realizar algo, criamos os recursos internos de que precisamos para conseguir o estado que nos apoiará.

Para alcançar seus objetivos, é necessário que você focalize o que você quer – e não o que não quer. Há inúmeras pessoas que afirmam que não querem ser pobres, não querem ser depressivas, não querem ser inseguras, etc. Com este tipo de afirmação, fornecem ao cérebro a imagem do que não querem ( e é isso que acabam conquistando em suas vidas).

Para que nosso cérebro possa entender e processar uma informação como “Eu não quero fracassar”, ele primeiro necessita de uma imagem do que não se quer (fracassar) para então negá-la.

É como quando se diz a uma criança “Não deixe cair este copo” e então ela o derruba, pois para que ela entendesse a mensagem, precisou representar internamente aquilo que não deveria fazer.

Portanto, é melhor nos dirigirmos às coisas que queremos (Por exemplo: “Eu quero ser feliz, seguro, etc.” e, no caso da criança, “Segure o copo com cuidado”).

A cada estado interno corresponde uma fisiologia externa observável. As mães conhecem bem este fato: uma criança não consegue mentir, pois sua fisiologia (sua postura, expressão facial, respiração, voz, cor da pele, etc.) a denuncia.

Temos fisiologias correspondentes a cada estado interno que experimentamos. Provavelmente, as pessoas que nos conhecem bem sabem disso melhor que nós, pois conseguem identificar nosso estado interno pela simples observação de alguns aspectos de nossa fisiologia.

Um empregado pode adiar um pedido de promoção pela observação da fisiologia de seu chefe: “Ummm! Hoje o chefe está …”

Se nos treinarmos nesse tipo de observação, seremos capazes de verificar como a linguagem não verbal (os gestos, a postura, o tom e ritmo da voz, a respiração, etc.) nos informa muito mais do que a linguagem verbal (o que uma pessoa diz).

Como quando alguém nos fala “Eu estou muito feliz”, todavia com uma expressão melancólica, ombros para frente, olhos para baixo, etc. Neste caso, há uma incongruência entre as duas linguagens (verbal e não verbal) e em geral se dá muito mais importância e significado à linguagem não verbal.

Quando alguém nos diz algo mas seu corpo revela mensagens opostas, o resultado será que esta pessoa não nos convencerá, pois suscita dúvidas em nós com relação a qual das duas mensagens é verdadeira.

Há maneiras de provocar estados internos em outras pessoas. Uma delas é muito usada por pessoas que costumam ser bastante desagradáveis e inadequadas: “O que você tem? Você está passando mal?” “Está nervoso?” ou “Você está preocupada porque seu marido está demorando?”, etc. Nestes casos, para que se possa responder à pergunta, é necessário primeiro entrar no estado sugerido para então saber se ele se aplica ou não a nós. Às vezes as pessoas acabam entrando de fato no estado em virtude do poder da sugestão. Daí acabam se sentindo mal, ficando nervosas, preocupadas, etc. Melhor seria se as pessoas colocassem umas às outras em estados de recursos, estados agradáveis.
Por exemplo, ao se perguntar a alguém doente “Você melhorou?”, coloca-se a pessoa numa outra direção – em direção à saúde, à recuperação. Ou a alguém que está : “Você está mais calmo?”

Com a certeza de que não esgotamos o assunto, citaremos uma história que ilustra o que são representações internas e como estas causam estados internos.
Um homem andava por uma estrada deserta quando o pneu de seu carro furou. Como ele não tinha macaco para trocar o pneu, pôs-se a caminhar pela estrada a fim de procurar alguém que pudesse ajudá-lo.

Avistou uma casa e para lá se dirigiu. Enquanto caminhava, começou a pensar: “E se o dono da casa não me atender?” “E se ele achar que eu sou um assaltante?” “E se ele for grosseiro comigo?”.

Quando ele finalmente chegou lá, um senhor abriu a porta e, com um amável sorriso, disse-lhe: “Pois não, em que posso ajudá-lo?” O homem então respondeu, visivelmente transtornado: “Pode ficar com a porcaria deste macaco porque eu não o quero mais”. E foi embora.

Inúmeras vezes nos comportamos como se nossas representações internas fossem reais. E na maioria das vezes elas não são.

Nelly Beatriz M.P. Penteado

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