PRI – Processamento Rápido de Informação

O Projeto Trauma Infantil (www.traumainfantil.kit.net) tem criado novas aproximações que utilizam métodos tradicionais de psicoterapia associados a novas teorias, técnicas e ferramentas, buscando trabalhar formas mais efetivas de psicoterapia com crianças que sofreram traumas.

No dia a dia do Projeto começamos a introduzir novas ferramentas como a Hipnose, o Tapping, Técnicas de Segurança, Técnicas de Retenção. Mas ao estudar e pesquisar estes novos procedimentos percebeu-se que um deles tinha maior efetividade, o PRI.

O PRI seria o uso adequado do estímulo de Tapping, associado a processos cognitivos e procedimentos hipnóticos aumentando os processos que envolvem relaxamento, visualização, ensaio mental, consciência corporal, possibilitando que uma informação disfuncional passe a um nível adaptativo.

Ao estudar esta associação de técnicas que denominamos PRI, percebeu-se que ela produzia uma cascata de efeitos neurofisiológicos que auxiliavam os processos terapêuticos com crianças. O PRI proporciona, relaxamento e com isto desarmando os processos cognitivos mais racionais, um aumento da capacidade dedutiva, maior criatividade, visualização, ensaio mental, consciência corporal, possibilitando que uma informação disfuncional passe a um nível adaptativo.

A Hipnose

A Hipnose não é uma forma de fazer psicoterapia e sim uma ferramenta que usado de forma correta facilita os processos de mudanças na psicoterapia. É um estado alternativo de consciência onde o indivíduo sente ou experimenta mudanças de sensações, percepções, pensamentos ou comportamentos.

A Hipnose internaliza as pessoas, diminuem a resistência, é como relaxar, provoca uma internalização permitindo que as pessoas resgatem as saídas para os seus problemas e seus recursos naturais.

Durante o procedimento de Instalação utilizamos a Hipnose porque o estado de transe internaliza as pessoas, diminuem a resistência (ativação do lobo esquerdo), aumenta a capacidade dedutiva (giro frontal superior), aumenta a visualização e a criatividade (lobo occipital), Portanto a ferramenta hipnose potencializa qualquer informação, permitindo mudanças mais rápidas.

O Tapping

Tapping em Inglês significa estimulação. O que chamamos de Tapping é o uso de estimulação em pontos específicos do corpo que causam uma reorganização energética do corpo e permitindo com isto acessar os poderes de auto cura e que uma informação disfuncional seja processada mais rápida.

A origem desta estimulação se encontra nos trabalhos de George Goodheart que criou a Cinesiologia Aplicada que é um sistema de toque para a saúde, cientificamente definido como ciência da ativação muscular, porque utiliza o teste muscular como instrumento principal de acesso às informações no cérebro. Mais tarde este método foi ligado à psicoterapia por um dos seus discípulos, John Diamond.

Do trabalho de Diamond surgiu a Terapia Energética que tem como objetivo utilizar técnicas que ajudem a usar a sua energia vital do corpo para resolver os problemas emocionais e físicos. O principio básico é entrar em contato com o sistema energia, equilibrá-lo eliminando as causas dos problemas emocionais.

Este novo paradigma criado nos últimos tempos, isto é, a inteligência do corpo e os poderes de autocura. A principal teoria sobre a qual se apóiam os métodos de autocura vem do neurologista português António Damásio. Damásio afirma a importância de compreender as conexões existentes entre emoção e razão e a capacidade do cérebro emocional de influenciar as decisões racionais.

Segundo Damásio, as emoções são conjuntos de reações químicas e neurais que ocorrem na região do cérebro emocional, determinados biologicamente, que usam o corpo como “teatro”. Seu papel é auxiliar o organismo a preservar a vida. O cérebro emocional teria, assim, uma ligação mais próxima com o corpo do que com o cérebro cognitivo.

Ainda que sejam diferenciados em suas funções, em algum ponto os “dois cérebros” se comunicam. E é nesse contato e diálogo entre eles que Damásio mostra a interferência da emoção em todo o sistema. Estes sentimentos desbalanceados provocam o que chamamos de desregulagem neurológica, causando os sintomas invasivos de pânico presentes em algumas patologias.

Os estudos atuais de Neurofisiologia (LeDoux 1994) nos mostram que a amígdala do hipocampo tem uma função “emocional”, isto é, pode agir independentemente do neocórtex. Ele pressupõe que algumas reações emocionais e memórias podem ser formadas sem a participação da consciência cognitiva do neocórtex.

Observações similares foram feitas por Van der Kolk (1994). Ele diz que quando as pessoas estão sobre forte estresse elas secretam hormônios endógenos de estresse que reforçam a consolidação da memória traumática. Ele pressupõe que a secreção massiva de neuro-hormônios, no momento do trauma, desempenha um papel na potenciação das memórias traumáticas que podem reaparecer ao longo da vida. E este passado, carregado de forte teor emocional, tem uma influência nas memórias impressas para controlar nosso funcionamento presente e nossas relações atuais, tornando as pessoas mal adaptáveis.

Estas memórias límbicas disfuncionais são responsáveis pelos sintomas invasivos do Estresse Pós Traumático e outras patologias como Pânico, Fobias, entre outras. O PRI associa corpo e mente e junto com técnicas como TFT, EFT, TAT entre outras talvez sejam a única forma de acessá-las e tratá-las. Pois estas Memórias Límbicas são guardadas em partes subcorticais do cérebro que estão sempre ativas, mas obstruídas à consciência cortical e cognitiva.

O PRI usa de estimulações que acessam estas memórias junto com procedimentos hipnóticos e informações cognitivas tratam estas memórias de forma efetivas como tem mostrado a pesquisa do Projeto Trauma Infantil.

Portanto Tapping é o uso de estimulação em pontos específicos do corpo que causam uma reorganização energética e neurológica do corpo e permitindo com isto acessar os poderes de auto cura e que uma informação disfuncional seja processada mais rápida.

O PRI

O PRI seria o uso adequado do Tapping, associado à Hipnose e processos cognitivos, aumentando os processos que envolvem relaxamento, visualização, ensaio mental, consciência corporal, possibilitando que uma informação disfuncional passe a um nível adaptativo.

Os principais benefícios do PRI são: aumento no nível de relaxamento; aumento da consciência de corporal; aumento de visualizações; desativação de Ab-reações; aumento da criatividade, possibilitando uma resolução mais rápida dos problemas de vida. O PRI cria um ambiente de desenvolvimento pessoal onde os processos internos, sentimentos e vários outros estados são trabalhados de forma segura e adaptativa.

Os processos de visualização e consciência aumentam quando ambos os lados do cérebro trabalham juntos, e especialmente quando o cérebro segue certas freqüências ou estimulações relaxantes. O PRI usa esse padrão que estimulam ambos os hemisférios do cérebro. O conceito de PRI é justamente esta potencialização das cognições possibilitando trabalhos terapêuticos mais rápidos e efetivos.

O PRI e a Hipnose

Os processos de PRI com adultos e adolescentes tem se mostrado uma ferramenta tão ou mais eficaz que a hipnose. Procedimentos antes feitos com hipnose quando executados com PRI tem se mostrado tão eficaz quanto um transe hipnótico, com a vantagem da rapidez com que se estabelece um transe médio e os efeitos terapêuticos desejados.

Portanto o PRI tem se mostrado mais do que uma ferramenta terapêutica, pois promove mudanças neurofisiológicas que potencializam o trabalho terapêutico com rapidez promovendo saídas adaptativas ágeis e rápidas.

PRI e Crianças Abusadas

No sentido de estar constatando de uma forma mais efetiva o que se encontra na pratica o Projeto Trauma Infantil e Espaço Trauma esta realizando uma pesquisa com as crianças atendidas no projeto em belo Horizonte e que será estendida para Brasília.

Metade das crianças é atendida com técnicas de PRI e outra metade é atendida com técnicas de terapia psicanalítica. De três em três meses estas crianças são retestadas e os resultados comparados. Em baixo segue alguns dados interessantes.

Dados do Projeto Trauma Infantil de sintomas de Transtorno de Estresse Pos-traumático

Estatísticas do Projeto

Em relação aos tipos de traumas, concluímos:

Trauma Mecânico – 21%;

Trauma por abandono – 64%;

Trauma sexual – 14% –

Trauma Químico -1%

Em relação ao sexo, concluímos:

50% meninas e

50% meninos.

Produção Científica

Na tentativa de testar as técnicas de PRI, o Projeto Trauma Infantil tem feito um estudo comparativo das técnicas formais de psicoterapia e as técnicas de trauma.

Metade das crianças do projeto de forma aleatória é atendida com Técnicas de Trauma seguindo um planejamento terapêutico. Depois do diagnóstico individual, as crianças são submetidas às Técnicas de Proteção, logo em seguida as Técnicas Terapêuticas e por último o Mapeamento do Trauma e a dessensibilização com TAT.

A outra metade é atendida com técnicas formais de psicoterapia infantil, seguindo o modelo psicanalítico.

As crianças são retestadas a cada três meses. Segue os resultados:

Depois de três meses do uso de Técnicas de Trauma, os resultados são o seguinte:

88% das crianças apresentam melhoras significativas.

12% permanecem com os mesmos sintomas. Sendo que estes 12% são abusos sexuais.

Depois de três meses no uso de Técnicas Formais, os resultados são o seguinte:

Nenhuma melhora.

Conclusão

A pesquisa tem demonstrado o que já havíamos comprovado na pratica, isto é, a eficiência das técnicas de PRI no tratamento de traumas emocionais e tem se mostrado uma ferramenta útil e rápida em qualquer tipo de patologia.

Na segunda retestagem que começa a ser cotada o PRI tem se mostrado também eficiente na dessensibilização de trauma, temos constatado a dessensibilização total de vários casos de abusos. O único que tem se mostrado mais resistente são os traumas sexuais.

Fonte – Apostila de Psicoterapia do Trauma – Módulo 1 – PRI – Processamneto Rápido de Informação – 2007 – Gastão Ribeiro.
Uri Bergmann, L.C.S.W., B.C.D. – ESPECULAÇÕES SOBRE A NEUROBIOLOGIA DO EMDR – 2001.
Servan- Schreiber – Curar – Editora Sá – 2004.
Scaer, R. (2001). The Body Bears the Burden: Trauma, Dissociation and Disease, Binghampton: – The Haworth Press, 2001.

mais artigos de Gastão Ribeiro

 

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