Neuroplasticidade e Psicoterapia

Neuroplasticidade é a propriedade que as células nervosas possuem de transformar, de modo permanente ou pelo menos prolongado, a sua função e a sua forma, em resposta à ação do ambiente externo.

É a propriedade de reorganização do Sistema Nervoso, que é à base dos processos de memória e aprendizagem e das estratégias de reabilitação em casos de perda estrutural e/ou funcional por lesões.

A aquisição de novos comportamentos pelo indivíduo ocorre na dependência da reorganização dos circuitos neurais. Há momentos do desenvolvimento, denominados períodos receptivos, em que a neuroplasticidade é maior em determinadas áreas do SN, o que facilita a aquisição de comportamentos que estão relacionados às funções daquelas regiões.

Há várias formas de plasticidade. A plasticidade pode ser regenerativa, que consiste no recrescimento de axônios após lesão e a plasticidade axônica e dendrítica que implica na reorganização, respectivamente, da distribuição de terminais axônicos e do número de dendritos e espinhas dendríticas em resposta a estímulos ambientais. Estas conexões são necessários para a síntese protéica que contribuirá para modificações na estrutura das sinapses e para formação de novas conexões.

Esta plasticidade ocorre durante o desenvolvimento, principalmente nos períodos receptivos e também nos adultos, porém de forma mais limitada, estando relacionada ao estabelecimento de memórias e aprendizagem.

Existe também a plasticidade sináptica ocorre pelo aumento ou diminuição, prolongados ou permanentes, da eficácia da transmissão sináptica, constituindo a base celular e molecular de certos tipos de memória.

O Cérebro e Psicoterapia

O cérebro é como um músculo quanto mais usado, mais estamos reforçando a memória. As circutarias sinápticas reforçadas por atividade correlacionada ou repetição são mantidas ou formam mais ramificações; aqueles que são persistentemente enfraquecidos (pouco ou não mais usados) por não experimentarem atividade correlacionada irão consequentemente, perder suas conexões com a célula pós-sináptica.

O conceito de formação de memória e plasticidade é fundamental de se entender para as psicoterapias atuais. As memórias declarativas se dividem dois tipos: as memórias de curta duração (que duram poucas horas) e as memórias de longa duração (que duram meses, ou anos), e formam “traço” de memória. Para que haja uma memória de longa duração é necessário “consolidação”, isto é, o lobo temporal interno exerce papel de ligação temporária entre múltiplas zonas do neocórtex que armazenam uma representação do acontecimento vivido. A ativação conjunta e repetida destas regiões por intermédio do lobo temporal interno cria e reforça gradualmente as interconexões neocorticais. Quando a consolidação se completa, as interconexões que representam o acontecimento tornam-se permanentes.

O nosso cérebro é mais plástico do que se imagina, comportamentos e sugestões podem alterar a morfologia e a função do sistema nervoso e vice-versa. A plasticidade é um conceito com possibilidades de aplicação em diferentes aspectos clínicos comportamentais e neurológicos, principalmente referentes ao desenvolvimento e a psicoterapia.

Fonte:
Neurobiologia aplicada a neuropsicologia – Leonor Bezerra Guerra
Coerência Cardíaca – Gastão Ribeiro

mais artigos de Gastão Ribeiro

 

Cursos Online | [+]


você pode gostar também

Comentários estão fechados.

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Ao navegar pelo site, presumimos que você aceita o seu uso, mas você pode desativá-lo se desejar. Aceitar Leia mais