Timidez atrapalha trabalho de líder de equipe

“No livro O Líder do Futuro, Peter Drucker deitou por terra a teoria de que um indivíduo já nasce líder. Hoje sabe-se que, embora algumas características sejam essenciais – entre elas, a facilidade de comunicação -, um líder é talhado no dia-a-dia”, aponta a psicóloga Suzy Fleury, em uma entrevista à revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios.

Foi mais ou menos isso que aconteceu com Márcia Regina Fernandes, que hoje ocupa o cargo de gerente-geral da Unibanco AIG, uma das maiores seguradoras do país.

Márcia sempre foi muito tímida e tinha problemas de comunicação, mas de repente se viu tendo que liderar uma equipe de 300 pessoas. “As pessoas queriam atenção, sentiam falta de uma pessoa mais expressiva”. Foi então que a profissional decidiu mudar seu jeito de ser. Fez curso de teatro, canto, expressão verbal e, aos poucos, foi adquirindo a bagagem técnica necessária para saber se relacionar e se comunicar sem barreiras, fazer uma apresentação, enfim, lidar com pessoas sem o obstáculo da timidez. “No começo, eu verbalizava a minha dificuldade. Falava que não era muito boa em falar com o público, mas iria tratar de um assunto que gostava muito. Dava a cara para bater mesmo. Isso me deixava mais próxima das pessoas, e já quebrava o gelo inicial”.

Para a gerente, o grande problema das pessoas tímidas é tentar melhorar pegando como exemplo as pessoas mais eloquentes que conhece. “Você idealiza muito, o seu perfil está muito distante daquele advogado que já fez vários cursos de oratória, do pastor da igreja e do ator da televisão”. A saída, segundo ela, é pegar as características que você considera as melhores em você – seus pontos fortes – e usá-las em favor da comunicação e do trabalho em equipe. Por exemplo, Márcia é muito analista, pragmática e didática (ela também já foi professora). Explorou essas qualidades na hora de falar em público que, juntamente com os cursos, fazem com que hoje ela seja uma pessoa muito mais segura de si, e pegue o microfone sem medo de errar. “Foi preciso quebrar alguns medos, como aprender a ser observada”. Esta mudança foi há 10 anos. “Foi decisivo para minha carreira decolar. A partir deste momento, os resultados começaram a aparecer de verdade”.

Como se vê, a boa comunicação é fundamental, principalmente quando você é o líder da equipe. “Algo em torno de 110%”, brinca Márcia, que hoje lidera 400 pessoas indiretamente. Eis algumas dicas da profissional para fazer um bom trabalho de liderança dentro da equipe:

• Gostar muito do que faz.
• Gostar de trabalhar com gente, dedicar-se ao trabalho de ouvir e interagir com as pessoas.
• Não desprezar nenhuma idéia ou oportunidade trazida pelos funcionários. Mesmo que pareça estranha no começo, anote e pense com calma depois.
• Ser um eterno observador, estar sempre atento ao clima, a integração e ao desenvolvimento de todos.
• Fazer mensalmente uma dinâmica de grupo com toda a equipe – isso ajuda muito a conhecer cada um dos colaboradores e detectar possíveis problemas.

Mas, de acordo com Suzy Fleury, o líder que só fala bem não é suficiente. “A principal característica que um líder deverá revelar na década que se inicia é uma visão muito apurada do presente e, sobretudo, do futuro.” Foi isso que revelou um levantamento envolvendo 1.700 executivos, entre eles 840 presidentes de empresas, de vários países dos cinco continentes. “O líder ideal é aquele que tem a capacidade de enxergar o futuro, de desenhar um sonho para compartilhar com algumas pessoas e mobilizá-las para ajudar a transformar esse sonho em realidade. Assim, não basta falar bem, convencer, comandar. É mais do que isso. O líder precisa enxergar longe. Veja o exemplo de Walt Disney. Ele já morreu, mas sua visão foi tão forte que continua mobilizando uma legião de admiradores”, conclui ela.

Camila Micheletti

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