Como Dizer Não às Ideias dos Colaboradores

Verdade seja dita: líder sofre!

Depois de tanto discurso sobre o estímulo às ideias das equipes, sobre o desastre motivacional que é ter uma idéia rejeitada, a cruel realidade: você terá que dizer não a algumas ideias.

Idéias podem não estar adequadas ao momento ou à cultura da empresa, podem ter custo muito alto de implementação ou já ter sido testadas e reprovadas. E podem ser ruins mesmo.

É claro que você não vai contribuir para a implementação de uma má ideia. Mas também não quer se tornar o vilão do programa de sugestões, nem ser acusado de pôr fogo por um lado e abafar pelo outro, não é?

Mas nem tudo está perdido. Há formas de, sem desmotivar, dar retorno à pessoa ou equipe que deu a ideia e elas vão muito além do “agradeço sua contribuição”. Vou enumerá-las abaixo, mas prefiro começar com o que você não deve fazer:

Jamais esqueça, abandone ou adie a resposta. Se acha que a pessoa ou equipe que deu a ideia também vai esquecê-la, pode perder as esperanças. As pessoas se apegam às suas ideias. Mesmo quando as sugestões não envolvem prêmios, elas mexem com a auto-estima. Do ponto de vista psicológico, o esquecimento é pior do que um não.

Nunca rejeite a ideia para copiá-la depois – Você dirá que uma pessoa de bem jamais cometeria a pirataria de ideias. Mas, para evitá-la, precisa fazer um esforço consciente. Veja como funciona a mente humana: toda vez que você ouve uma novidade, por condicionamento, você tende a rejeitá-la. A novidade se aloja no seu cérebro e na segunda vez que deparar com ela sua rejeição já será menor, o que pode levá-lo a aceitar a sugestão do segundo proponente. Numa terceira vez, a sugestão poderá “brotar espontaneamente” da sua cabeça. Cuidado com isso. Os Programas de Sugestões e todos os procedimentos formais de registro de ideias evitam essas injustiças e mal entendidos. Um líder pode evitá-los não permitindo que sua equipe deixe as ideias soltas, mencionadas apenas no cafezinho ou no elevador, por exemplo.

Aja preventivamente – Deixe bem claro quais os tipos de ideias que a empresa quer. Algumas pessoas confundem o estímulo à criatividade com o “liberou geral” e temem podar o processo criativo ao determinar limites logo no início. Mesmo o brainstorming, técnica que propositalmente adia o julgamento, só é completo depois que as ideias passam por um crivo. O crivo inicial é de quem faz a sugestão, não do líder.

Não rejeite uma ideia porque não a entendeu – Boas ideias podem ser desperdiçadas se não forem bem explicadas. Não tente adivinhar qual é a ideia, pois será muito difícil. Peça esclarecimentos ou peça o a quem a propôs reescrevê-la. Cuidado com os gênios incompreendidos. Algumas pessoas adoram esse papel e irão se queixar para a empresa inteira que foram injustiçados.

Se a proposta demandar mais criatividade, avise. Sugestões com alto custo de implementação, que necessitarão de negociações específicas, ou ideias que podem ser aprimoradas merecem uma segunda chance. Antes de rejeitar a ideia, aponte seus aspectos negativos e peça a quem teve a ideia para tentar aprimorá-la. É possível que ele desista (ponto para você, que não posou de carrasco) e é possível que traga a solução (mil pontos para você que ajudou a ressuscitar uma ideia!) Desvincule a ideia da pessoa – Não avalie uma pessoa pela ideia que teve, nem positivamente. Por exemplo, não chame a pessoa de gênio, mas diga que a ideia é genial. Este vínculo dificulta o feed-back quando a ideia é negativa e raramente é justo, pois as ideias sempre têm contribuições de outros, mesmo que involuntárias.

Transforme você a ideia – Quem conhece bem o processo criativo sabe que sua essência tem muito de “nada se perde, tudo se transforma”. Se você abandonar o espírito avaliador e adotar a postura de validador – aquele que se esforça para fazer valer a ideia –, poderá contribuir para a transformação de uma má idéia. Aliás, muitas ideias famosas surgiram assim e esse é o segredo do sucesso dos Programas de Sugestões japoneses.

Afinal, o papel de um líder é estimular a criatividade de seus colaboradores, mas nada o impede de ser criativo também!

Gisela Kassoy – Consultoria em Criatividade

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