Como criar empatia com os alunos

Olá caros leitores! Estamos aqui novamente para compartilhar as aplicações das técnicas de PNL na sala de aula. No texto passado, apresentamos as três etapas da estratégia de criatividade de Walt Disney, a fim de auxiliar o professor na tarefa de planejar suas aulas com mais eficiência.

Falaremos, neste texto, sobre como é possível cativar a classe e estabelecer empatia (rapport) com os alunos. Desenvolver esta habilidade é a chave para uma boa liderança, pois bons líderes conseguem mover a seu favor todo um grupo de pessoas, utilizando seu carisma e poder pessoal. Professores eficientes são, também, líderes eficientes. Enquanto você imagina os benefícios de ser um bom líder e se pergunta como poderia conquistar estas habilidades, acompanhe atentamente as instruções que estão por vir nas próximas linhas!

A empatia no nível pessoal

Antes de qualquer coisa, você precisa saber que “empatia”, “harmonia”, “contato” ou “rapport” são palavras sinônimas dentro do estudo de PNL. Todas se referem a um nível de relacionamento interpessoal onde você se sente identificado com a(s) pessoa(s) com quem se comunica.

Eis um bom exemplo para ilustrar o que é empatia. Pense em conversas por telefone. Já deve ter acontecido com você a seguinte situação: você está tendo uma agradável conversa com um(a) amigo(a), quando de repente, por um motivo qualquer, ele(a) diminui repentinamente a intensidade da voz e passa a falar “mais baixinho”. Você estranha essa mudança súbita e pergunta: “Por que você está falando assim”? Detalhe: sem perceber, você também passou a falar “mais baixinho”!

Isso aconteceu porque você estava ligado à outra pessoa por um “laço empático”; em outras palavras, você estava “em contato” com ela. Diariamente, estabelecemos (ou não) empatia com as pessoas à nossa volta sem nos darmos conta disso. Quando há este laço unindo duas pessoas, os diálogos fluem com naturalidade, ambas se sentem muito à vontade na presença do outro e, também, tendem a adotar posturas corporais semelhantes!

Robbins (2001, p.220) fala um pouco mais sobre a empatia: “Quer conhecer o pior clichê já forjado? ‘Os opostos se atraem.’ Como todas as coisas que são falsas, há nisso um elemento de verdade. Quando as pessoas têm bastante em comum, os elementos de diferença acrescentam uma certa excitação nas coisas. Mas, acima de tudo, quem é atraente para você? Com quem você quer passar o tempo? Você está procurando alguém que discorde de você em tudo, que tenha interesses diferentes, que goste de dormir quando você quer brincar, e de brincar quando você quer dormir? Claro que não. Você quer estar com pessoas que sejam como você e, no entanto, únicas”.

A técnica do espelhamento

Você já deve estar percebendo que a empatia é conquistada quando há elementos comuns entre duas pessoas. Podemos, assim, facilitar o processo de empatia utilizando a técnica do espelhamento. Consiste em imitarmos de forma gentil e respeitosa os comportamentos da pessoa com quem desejamos criar o “laço empático”.

“O ‘contato’ pode ser construído à base de comportamentos que combinam. Discordar de pessoas não irá formar um contato (rapport). Falar mais depressa do que as pessoas possam ouvir não irá formar contato. Falar a respeito de sentimentos ou sensações quando as pessoas estão fazendo imagens visuais não formará contato. Mas se você calibrar o andamento de sua voz pela taxa da respiração da pessoa, se você piscar na mesma velocidade que os outros piscam, se balançar a cabeça afirmativamente com a mesma velocidade em que eles balançam, se você balançar no mesmo ritmo em que estão balançando, e se você disser as coisas que na realidade devam mesmo ser pertinentes, ou as coisas que você sentir que têm a ver com a situação, estará formando o contato”. (Grinder e Bandler, 1984, p. 27).

Caro leitor, convido você a fazer uma experiência ao longo dos próximos dias. Ao se perceber conversando com qualquer pessoa, procure falar com a mesma velocidade em que ela fala; gesticule (de maneira respeitosa!) da mesma forma que ela; se estiver sentada, sente-se também; se estiver com as pernas cruzadas, cruze-as também. Se a pessoa costuma lhe tocar enquanto conversa, toque-a, e se utiliza freqüentemente alguma expressão verbal característica, utilize também. Fazendo isso, você já estará praticando a técnica do espelhamento. Quanto aos resultados, deixarei você por conta de sua própria curiosidade e de suas próprias conclusões!

Falando para todas as linguagens

Há ainda uma outra informação importante a ser acrescentada e que contribuirá para se estabelecer uma empatia mais eficaz.

Vivenciamos as experiências de nossas vidas através dos cinco órgãos sensoriais: visão, audição, tato, paladar e olfato. Estes são os cinco canais com os quais entramos em contato com o mundo, seja no “aqui-e-agora”, seja em nossas lembranças. Além disso, podemos deduzir que qualquer experiência tornar-se-á mais rica à medida que a vivenciarmos utilizando conscientemente o maior número possível de órgãos sensoriais.

Podemos exemplificar o parágrafo anterior remetendo-nos à sala de aula. Se o aluno prestar atenção apenas ao que o professor fala (audição), não terá uma experiência completa do assunto abordado. No entanto, se também estiver se sentindo motivado (cinestesia interna), prestar atenção aos esquemas visuais do quadro-negro (visão) e participar de dinâmicas em grupo que o faça praticar as instruções aprendidas (cinestesia externa), provavelmente sua aprendizagem será mais eficaz e será retida durante mais tempo em sua memória. É claro que caberá ao professor proporcionar aos alunos todas essas formas de vivência.

Em PNL, dá-se o nome de “sistemas representacionais” aos nossos canais sensoriais. Uma coisa interessante a ser notada é que, em geral, optamos por utilizar somente um destes canais, pois é difícil estarmos conscientes dos cinco ao mesmo tempo.

Assim, há pessoas que se comunicam utilizando principalmente metáforas visuais. Ao descreverem, por exemplo, um acidente de trânsito, essas pessoas poderiam dizer: “Eu vi! Eu vi tudo com meus próprios olhos! Eu vi quando o carro preto atravessou o farol vermelho a toda velocidade! Ficou claro que a culpa foi dele!”.

Outros preferem as metáforas auditivas para se expressarem. É provável que descrevessem o mesmo acidente da seguinte maneira: “Só lembro de ter escutado uma buzina e, logo depois, uma forte freada! Aí não teve jeito: CRASH! O estrondo foi igualzinho ao de uma explosão!”.

Um outro grupo de pessoas utilizaria metáforas cinestésicas (referentes ao tato e às sensações interiores) para falarem sobre o acidente: “Foi horrível… senti uma agonia, um aperto aqui no peito quando pressenti que o pior iria acontecer… e não deu outra…”.

Não é tão comum, mas há quem goste de usar metáforas olfativas ou gustativas para se expressarem. É o caso de expressões como “Há um cheiro de confusão no ar”, “Esse acidente é um prato cheio para jornalistas”, ou ainda “O motorista provou do amargo sabor da irresponsabilidade”.

Algo que irá incrementar a sensação de empatia é identificar qual sistema representacional a pessoa com quem você conversa está utilizando naquele momento. Se você espelhá-la também neste nível e construir suas frases utilizando o mesmo sistema representacional identificado, é muito provável que a sensação de harmonia seja ainda maior! Experimente!

Aplicações na sala de aula

Agora que já sabemos o que é empatia e como a conquistamos, você pode começar a imaginar como aplicaria estes conhecimentos na sala de aula, a fim de capturar o interesse e a atenção do maior número possível de alunos.

Ao lidar com um grupo grande de pessoas, o espelhamento deve acontecer de forma mais “generalizada”, pois não temos como espelhar as pistas verbais e não-verbais de todos os alunos. O que você pode fazer é, por exemplo, perceber que todos estão sentados e, então, iniciar a sua aula estando sentado também.

Se não há uma cadeira para você, é possível solicitar para os alunos ficarem em pé logo no começo da aula, a fim de realizar alguns alongamentos em grupo. Além de “despertá-los”, isso os deixará em um estado de “alerta relaxado”, muito bom para a aprendizagem. Agindo assim, você estará demonstrando seu interesse pelo bem-estar da turma e favorecerá o estabelecimento de um “laço empático” forte e eficaz.

Logo após o alongamento, pode-se fazer alguma dinâmica de grupo que promova a interação social entre aluno-aluno e aluno-professor. Isso costuma ser bastante divertido, não ocupa muito tempo e cria bastante empatia entre todos.

Em qualquer momento da aula, contar algum caso ou história pode ser uma alternativa interessante de recuperar a atenção dos ouvintes e restabelecer a empatia. Piadas (se você souber), dependendo da ocasião, também podem funcionar bem. Outra forma muito eficaz de prender a atenção é ilustrar o que está sendo ensinado com exemplos da própria realidade dos alunos.

Quando, em minha aula, algum aluno levanta a mão e diz que ainda não compreendeu o que estou explicando, procuro me dirigir até próximo dele, sento-me ao seu lado e faço algum comentário informal e descontraído, talvez sobre seu time de futebol, ou sobre sua roupa, etc. Em seguida, peço para que me diga o que acha ter entendido. A partir do que ele me disser, corrijo, acrescento ou confirmo as informações.

Note que, em primeiro lugar, busco espelhar sua posição corporal, para que se inicie a empatia entre nós. A função do comentário informal é fazer com que ele se identifique comigo e quebre qualquer resistência que possa estar tendo com relação à minha pessoa. Enquanto me explica o que entendeu, posso deduzir qual sistema representacional utilizarei para lhe explicar novamente o conteúdo, se necessário.

Por fim, o professor deve se expressar utilizando em igual proporção todos os sistemas representacionais abordados no texto. Deve explicar a matéria, utilizar o quadro-negro ou outros recursos visuais, promover dinâmicas de grupo ou promover excursões, etc. Desta forma, criará experiências ricas em recursos sensoriais e a retenção será, sem dúvida, mais duradoura.

Lembre-se de que há, por aí, vários professores que ministram aulas totalmente expositivas (só “faladas”, sem promover dinâmicas de grupo ou sequer utilizar a lousa). Não deveriam ficar espantados ao perceberem que, depois de um certo tempo, a classe está fatigada, com alguns alunos até “roncando” lá no “fundão” da sala… E a culpa não é dos alunos! É do professor, que deveria promover uma aula mais interessante e interativa.

Quero deixar registrado, aqui, que os professores que sabem cativar a classe através de seu carisma pessoal são os mais amigos da turma e detêm uma autoridade natural sobre os alunos. É possível ter autoridade sem ser autoritário e é dessa forma que pensam os verdadeiros líderes em sala de aula. É sobre este tipo de líder que estou falando; e estas técnicas servem para se conquistar o respeito da turma ou da platéia de uma forma natural e não impositiva.

Este texto falou sobre como o professor pode cativar a classe e estabelecer empatia com seus alunos, utilizando basicamente a técnica do espelhamento de sinais verbais e não-verbais. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre crenças e valores na sala de aula. Até a próxima oportunidade!

Referências Bibliográficas

BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
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GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
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O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
Introdução à Programação Neurolingüística. São Paulo: Summus, 1995.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

Ricardo Luiz Marcello

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