Quem tem medo da criatividade

Fascinante, desafiadora e em nossos dias indispensável, a criatividade possui também um lado ameaçador.

Precisamos da criatividade de profissionais em todos os níveis para que as mudanças da nossa era – sejam elas desejadas ou não – sejam administradas de forma ágil , produtiva e vantajosa.

Queremos pessoas empreendedoras, participativas e líderes. Mas será que as empresas conseguem realmente estimular os donos deste perfil? Não é ele que é considerado rebelde, lunático e bola-fora?

Do ponto de vista de seu produto mais concreto – a ideia – a criatividade pode ser incômoda, pois quebra a linearidade do pensamento.

As boas ideias, por serem arrojadas ou óbvias demais, estimulam a inveja .”Como é que não pensei nisso antes…” é uma frase que já passou na cabeça da maioria dos mortais. E se o mortal invejoso tiver mais poder do que aquele que deu a sugestão?

Pelo fato da demanda de inventividade ser unânime, os agentes de mudanças podem negligenciar seu lado incômodo. Resultado: a criatividade é estimulada por seus porta vozes, mas acaba sendo tolhida pelos que a temem.

Segue um panorama dos entraves mais frequentes e formas de lidar com eles:

Riscos a Nível Pessoal – A cultura da empresa deve minimizar o estigma do colaborador que errou por ter arriscado ou que é diferente ou rebelde. Além disso, os próprios funcionários podem ser capacitados para avaliar e vender suas ideias. Uma ideia bem apresentada poupa tempo das chefias e reduz rejeições e frustrações.

Riscos para a Organização – Tudo o que é novo envolve risco, mas ele pode e deve ser administrado. A empresa não deve poupar esforços neste sentido, seja através de projetos piloto, técnicas para a avaliação de ideias ou estabelecimento de uma cota para o risco.

Saída da Linearidade – Sempre que quebramos um paradigma temos que reformar parte de nossa estrutura mental. A experiência pode ser excitante, mas não é exatamente confortável, principalmente se a modificação solicitada não for o foco de nossas atenções e os benefícios do novo conceito não forem evidentes. Para que estejamos preparados para essas rupturas, é conveniente que as novidades sejam expostas como algo a ser pensado, que não exija uma consideração imediata. Podem até ser criadas situações estabelecidas para tal, como reuniões para avaliação de novas idéias.

Saída da Rotina – Mudanças nos procedimentos geram irritação e resistência. De preferência, a empresa deve propiciar tempo e permissão para erros e adequações. Que tal uma semana dita experimental, com campanhas bem humoradas logo após a reformulação de um departamento? Criatividade para Evitar Mudanças – Resistências a inovações podem ser pertinentes e valiosas. Entretanto, a habilidade de certas pessoas em argumentar contra o novo pode impedir uma empresa de crescer. Se as justificativas para “deixar como está” são frequentes na organização, pode estar faltando autoconfiança e gosto pelo desafio.

Inveja – Chefes são valorizados não só por suas idéias mas também pelas de sua equipe. Para evitar inveja entre colegas (e eventuais piratarias e boicotes) o melhor é não estimular o culto ao “pai da idéia”.

Todo marinheiro precisa de um porto seguro. Planejamentos para inovações devem levar em conta etapas, tempo para adaptações e reforço para neutralizar a insegurança psicológica. A criatividade é um prazer para as pessoas e um benefício para as empresas. Porque não tratá-la como tal?

Gisela Kassoy – Consultoria em Criatividade

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