A tenda dos escravos de ouro

Um dervixe, cuja felicidade era a abnegação e cuja esperança era o paraíso, encontrou-se, certa ocasião, com um príncipe cuja riqueza excedia tudo o que dervixe já havia visto. A tenda daquele fidalgo, armada fora da cidade para recreação, era feita de tecidos preciosos e mesmo os cravos que a mantinham eram de puro ouro.

O dervixe, acostumado que estava a pregar o asceticismo, atacou o príncipe com uma enxurrada de palavras a respeito da futilidade da riqueza material, da ostentação dos cravos de ouro da tenda e da inutilidade do esforço humano.

Quão eternos e majestosos eram, em contrapartida, os lugares sagrados. A resignação, disse ele, era a maior das alegrias. O príncipe escutou com muita atenção e seriedade.

Tomou a mão do dervixe e disse: “Para mim, tuas palavras são como o fogo do sol do meio-dia e a limpidez da brisa vespertina. Amigo, vem comigo, acompanha-me rumo aos lugares santos!” Sem voltar-se para trás, sem ter pego dinheiro nem chamado um servo, o príncipe pôs-se a caminho.

Espantado, o dervixe apressou-se no seu encalço. “Senhor”, exclamou ele, “dize-me: falas sério em fazer uma peregrinação aos lugares sagrados? Em caso positivo, espere por mim a fim de que eu possa ir buscar meu manto de peregrino.”

Com um sorriso gentil, o príncipe respondeu: “Deixei para trás minha riqueza, meus cavalos, minha tenda, meus servos e tudo o que eu possuía. E tu tens de voltar só por causa de teu manto?” “Senhor”, replicou o dervixe com grande surpresa, “por favor esclareça para mim: como podes abandonar todos os teus tesouros e partir mesmo sem teu manto principesco?”

O príncipe falou lentamente, mas com voz resoluta: “Nós fincamos os cravos dourados na terra, mas não em nosso coração!”

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